quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Homeless Tours - Moradores de rua como Guia Turistico

Achei interessante uma matéria que li na revista Speak Up (edição 308), sobre um grupo de voluntários em Londres e resolvi dividir aqui com vocês.  Quem sabe alguém goste e tenta se inspirar neste grupo pra fazer algo do tipo aqui no Brasil.

O grupo se chama The Sock Mob e o trabalho deles começou quando decidiram tentar entender os moradores de rua de Londres, cidade onde vivem. Desta ideia, partiram pra abordagem mais próxima destas pessoas, iniciando o primeiro contato oferecendo aos sem-teto um par de meias ao se aproximarem destas pessoas. Este gesto foi o “quebra-gelo” pra conseguirem conversar com estes moradores, e começarem um relacionamento de amizade com eles. Eles então tiveram a ideia de levar estas pessoas ao cinema e a fazer passeios com eles na tentativa de trazer de volta uma vida mais humana a eles.

A grande ideia surgiu pouco tempo depois, com o chamado “Unseen Tours”, uma forma de se fazer turismo na cidade, tendo como guia um sem-teto. Esta pessoa recebe um treinamento básico e depois começa a trabalhar como guia turístico, levando o turista a lugares famosos da cidade e outros nem tanto, mas com uma visão bem diferente, a visão dos sem-teto. Além do turismo propriamente dito, estes guias contam as suas histórias, experiências, muitas vezes de forma engraçada. Eles mostram as mudanças da cidade, a cultura e também o contraste entre os ricos e os pobres. Muitos turistas ficam surpresos ao verem o grau de profissionalismo de alguns guias.

O objetivo deste grupo é resgatar estas pessoas das ruas e fazê-las entender que podem ter uma vida diferente, que podem trabalhar, juntar um dinheiro e sair das ruas. Este grupo consegue muitas vezes preparar algumas pessoas para uma entrevista, a fazer algum curso, enfim eles procuram ajudar de diversas formas, dando suporte para os moradores de rua tomarem uma atitude de mudar de vida. Alguns deles até fizeram cursos para guia turístico e estão ganhando dinheiro com isso.

Sempre que passo na frente de um morador de rua me questiono se aquela pessoa teve alguém para lhe estender a mão e tentar ajudá-la a sair daquela situação. A maioria deles eu sei que estão lá por causa das drogas, mas muitos talvez por falta de uma oportunidade.

Se você gostou desta iniciativa e quer entender mais sobre o trabalho deste grupo, entre neste site: http://www.meetup.com/thesockmob/
Entre também neste link para ler a entrevista na íntegra: http://speakup.com.br/index.php/mat2013/mat308.html

Um abraço e até a próxima!

Veridiana Cordeiro

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Ranking de Solidariedade - Brasil cai 37 posições

Hoje li um artigo na Folha de São Paulo, sobre uma pesquisa a respeito da solidariedade no Brasil e no mundo. 
Segundo este artigo, foi feita uma pesquisa pela Instituição Britânica sem fins lucrativos CAF (Charities Aid Foundation) e divulgada na semana passada. Esta pesquisa "World Giving Index 2013 - Uma visão global das tendências de doação", é considerada a mais abrangente do mundo no que diz respeito à solidariedade.

Segundo esta pesquisa, o Brasil cai 37 posições no Ranking dos países mais solidários. O país mais solidário do mundo são os Estados Unidos, isso já está na cultura deles. O Brasil está na 91ª posição e é o menos solidário dentre os países da América do Sul, estando empatado com a Venezuela (nestes 2 países somente 26% da população afirma que exerce algum tipo de solidariedade).

Foram abordadas 3 questões e a que mais caiu foi a ajuda a estranhos. Foi observado ainda, nesta pesquisa, que as mulheres são um pouco mais solidarias que os homens no Brasil (as mulheres aparecem com 28,7%, e os homens, com 27,8%.).

Os países que tendem a estar na ponta do ranking têm em comum o fato de serem de tradição anglo-saxônica : EUA (1º), Canadá (2º), Nova Zelândia (4º), Irlanda (5º).

O Brasil vem caindo de posições no ranking ao longo dos últimos 5 anos. E isso é preocupante. Fiquei um pouco chocada e triste com esta estatística. Nunca pensei que fôssemos os primeiros no ranking, mas ser um dos últimos, e cair ainda mais de um ano para o outro, me deixou envergonhada.

Mas é preciso entender o motivo por estarmos tão abaixo do razoável em relação a este assunto. Existe a questão cultural que em muitos países faz da solidariedade algo que já vem enraizado na vida das pessoas – todo mundo faz algum trabalho voluntário em um momento de suas vidas. Na nossa frente existem países como o Haiti, muito mais pobre e muito mais solidário. Ou seja, a questão econômica não tem muito a ver com o fato do país ser mais ou menos solidário.

Sabemos que no Brasil existe muita doação, mas elas tendem a ser dentro de uma comunidade, como em grupos religiosos e muito pouco em questões ambientais por exemplo. E mais, pessoas de baixa renda doam mais que os ricos, em proporção ao seu rendimento.

Um dos fatores seriam as leis e a falta de confiança nas ONG´s , segundo o CEO da Sitawi - Finanças do Bem, organização sem fins lucrativos que opera soluções financeiras inovadoras para impacto socioambiental,
A questão fiscal também é algo que ajuda a nos manter a um nível tão baixo neste ranking. No Brasil faltam incentivos fiscais para pessoas físicas. Os países mais solidários têm em sua história a presença de incentivos fiscais para ajudar.

O que me deixa com um pouco de esperança são os jovens, que segundo a pesquisa, representam 20,6% da população voluntaria no mundo. É uma geração que vem com uma cabeça de maior engajamento em causas sociais. E por este motivo, podem mudar a triste realidade das estatísticas brasileiras em  relação a solidariedade e fazer com que possamos subir neste ranking e quem sabe um dia, estar dentre os países mais solidários do mundo.

Você pode mudar esta realidade. A Cruz Vermelha está com as inscrições abertas para o processo de seleção de novos voluntários.
Envie um e-mail para voluntariado@cvbsp.org.br e aguarde as informações sobre o próximo processo de formação, que ocorrerá entre fevereiro e março de 2014!

Um grande abraço!
Veridiana Cordeiro