quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Enquanto estiver por aqui


Já faz um tempo que tenho pensado em escrever a respeito das coisas que gostaríamos de ter feito e só resolvemos fazer quando estamos no “bico do corvo”.  Hoje estava lendo um artigo sobre um livro lançado recentemente aqui no Brasil, mas já bem famoso lá fora, intitulado “Antes de Partir”, de Bronnie Ware, quando resolvi escrever a respeito deste tema. O livro reúne relatos  de pacientes terminais, em suas últimas semanas de vida e conta o que eles gostariam de ter feito durante sua vida.

Antes deste artigo, assisti  também a um filme, chamado “As férias da minha vida”, uma comédia com a atriz Queen Latifah, que contava a história de uma mulher que após ser diagnosticada como portadora de uma doença terminal, decide mudar radicalmente sua vida, fazendo tudo aquilo que  sempre havia sonhado e nunca teve coragem de concretizar. Apesar de ser uma comédia, o filme mostra claramente esta questão das pessoas deixarem pra depois aquilo que poderiam ter feito muito antes, em um outro momento de suas vidas.

Por que as pessoas esperam pra dizer ou  fazer as coisas que mais desejam, somente quando estão pra morrer ou quando acontece algo de muito errado em suas vidas, como uma doença grave, um acidente, etc?

É exatamente como a letra daquela conhecida música do Titãs, “Epitáfio”, onde ele fala que “devia ter amado mais, chorado mais, ter visto o sol nascer, se arriscado mais, errado mais e ter feito o que queria fazer....”.

Minha vida inteira sempre pensei em fazer aquilo que queria fazer naquele exato momento, em  dizer aquilo que era importante para aquela pessoa quando isso foi necessário ou pedir desculpas quando estive errada, etc... Nunca pensei em jogar pra frente algo que considerasse importante, na tentativa de adiar as coisas pra resolver em um momento lá no futuro – quando estivesse pra morrer... De jeito nenhum! Sempre tive medo de passar por este tipo de situação, ou até mesmo de morrer de repente e não ter feito nada de importante nesta vida. Sim, sou uma pessoa um pouco intensa, gosto de viver intensamente cada momento da minha vida e aproveitar todos os momentos com as pessoas que amo, sempre pensando que hoje pode ser o último dia da minha vida...

A questão é, nunca deixe pra fazer no futuro,  aquilo que tem vontade de fazer hoje. Lógico que algumas coisas a gente tem que se programar, pois não dá pra fazer uma viagem pra Bali, por exemplo,  sem juntar dinheiro, sem se programar, e isso leva um pouco de tempo. Você não vai querer estourar seu cartão de crédito e ficar no negativo pra bancar uma viagem dos sonhos – tem que ter o pé no chão também.
Mas faça a viagem dos seus sonhos, não deixe pra querer fazer isso lá no futuro. Faça agora. Deixe para adiar a compra daquela TV ou celular de ultima geração, e invista em experiência de vida, um passeio de balão, em uma viagem com a pessoa que você ama; faça uma loucura de vez em quando (uma loucura calculada, claro) e leve seu companheiro (a) naquele restaurante maravilhoso que você sempre ouviu  falar que é demais mas não tem coragem de ir , ou viaje até aquela cidadezinha pitoresca, que nem é assim tão longe, só pra comer um prato que é a especialidade da região. 
Fale pra seu amado(a), filhos, pais, o quanto eles representam na sua vida – não deixe pra falar isso depois. Peça perdão pelas coisas erradas que fez e diga isso com sinceridade, ou perdoe alguém que te magoou, você vai ver como é bom ter o coração aliviado. Porque é assim que estas pessoas que estão para partir sentem – e por que não fazer isso agora? Vai ser muito mais útil... 
Visite mais seus pais, avós – eles não são  eternos e um dia você vai pensar que deveria ter feito mais isso... Beije mais seus filhos, eles crescem muito rápido e quando estiverem adultos você vai sentir falta disso – então aproveite e não deixe pra fazer isso lá na frente porque não vai ser a mesma coisa.
E quando estiver na sua hora de partir, terá a certeza de que fez tudo que tinha que ser feito, não se arrependeu de nada nesta vida, viveu intensamente os momentos, com as pessoas amadas, enfim, fez da sua jornada algo que realmente valeu à pena.

É um pouco radical, mas se você pensar que hoje pode ser o último dia de sua vida, não faria muitas coisas de forma diferente? O que você faria se tivesse muito pouco tempo de vida pela frente? Diria o que para as pessoas que ama? Teria tido que tipo de experiência? Pense desta forma e faça das respostas, seu novo estilo de vida. Mas com a certeza de que terá muito tempo pela frente ainda!


Até a próxima!

Veridiana Cordeiro